O momento é imprevisível e pode se transformar em algo incontrolável. A violência e a impunidade caminham de mãos dadas e invadem os espaços dos meios de comunicação de massa. Inúmeras famílias, com as crianças na sala, almoçam e jantam ruminando estupros, assassinatos, pedofilias, corrupções, assaltos, balas perdidas, depredações, crimes passionais e outras imagens hediondas. Por outro lado, caro leitor, observe que quem era bebê na época da chacina do Carandiru, hoje já está na plenitude de sua maioridade penal e estranhamente assiste ao vivo a um julgamento que se arrasta há décadas. Alguns envolvidos já morreram, outros se alimentaram inclusive da política e para alguns velhinhos agora a condenação quase que pouco importa.  E no paralelo desta ausência de justiça, muitas vezes o corporativismo se transforma em uma espécie de irrigação a um novo velho oeste, principalmente quando a vítima desta violência é um policial ou um membro da imprensa tupiniquim, marrom e cúmplice, seja pelo silêncio ou pelo estímulo do mal quando noticiam só o que não presta ou o que é do interesse deste ou daquele grupo social dominante.

          O fato é que, às vésperas da copa do mundo, as ruas do nosso pacífico país se transformaram em múltiplas praças de guerra. De um lado temos os mascarados, protegidos pelo anonimato e que usam uma tática de ação direta e descentralizada em nome da desordem contra os objetos para confrontar os símbolos e as forças de opressão do capitalismo selvagem, globalizado e de exploração. Do outro lado, estão os “caras de pau” da Fifa, do Senado, das Câmaras, das Empreiteiras e de outros gabinetes enrustidos nos anonimatos das corrupções que geram uma enorme violência contra as pessoas que são aviltadas todos os dias por não possuírem transporte coletivo de qualidade, moradia, educação, saúde, segurança, dignidade e cidadania. E o interessante é que atrás do mal há geralmente um discurso em nome do bem. Os mascarados divulgam ideias sobre um mundo melhor, com mais igualdade social. Mas destroem as coisas e, às vezes, as pessoas. Os “caras de pau” também são eleitos com falácias sobre um mundo melhor. Mas roubam as coisas e as pessoas.

          Do lado de fora, quem não é “black bloc” nem é “cara de pau” fica se perguntando: “Onde andará a democracia?”  –  “A moral, a ética e os bons costumes, por onde andarão?” – Torna-se vital lembrar que Hitler também defendeu um mundo melhor, porém sem democracia e com enorme violência.

          Hoje, os próprios donos do poder e do capital têm medo do descontrole que assistem. Eles se esquecem de que quem planta o nada colhe o vazio. Queriam relegar aos dominados uma educação de gado, uma educação sem qualidade, sem conhecimento, sem política, sem filosofia, sem arte, sem compromisso, sem disciplina e sem perspectiva. Aos pobres uma aprovação automática para maquiar índices internacionais. Pois bem! Esse “admirável gado novo”, essa juventude que aí está já é fruto desse projeto de deseducação que vem destruindo alunos e professores há décadas.

          Vale lembrar que nada substitui o conhecimento. Sem ele não há projeto de paz, porque o ser humano passa a viver meramente por instinto. E esse bicho, solto pelas ruas das cidades, aterroriza, destrói e mata. E ponto final!   

 

Paulo Franco     

 

Texto Publicado na Revista Mais Conteúdo – Edição nº23 – fevereiro/2014 
http://jornalmaisnoticias.com.br/category/revista-conteudo


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