A PIPA

Os homens espiam os lírios
e os colibris, os homens.
Dos bancos das praças
os velhos olham as pipas
invejosos dos guris
que não enxergam as horas,
entretidos por uma eternidade
imaginária.
O tempo, um brinquedo
sem volta
qual o vento forte
que a linha arrebenta.
O menino espia a pipa
e não vê o céu.
O velho, o céu
sem enxergar o sol. 
Entre a pipa
e o horizonte
um vácuo de infinito
que o olhar
do menino
não atinge
enquanto que o velho
pressente. 
                                      Paulo Franco


                   XX PRÊMIO MOUTOUNNÉE DE POESIA – 2010
                   SECRETARIA DE CULTURA E TURISMO DE SALTO/SP
                   4º LUGAR – PUBLICAÇÃO EM ANTOLOGIA 

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