INTERFACE


A me conduzir o poema perde-se
e pede que eu não o faça mais
enquanto me desfaço
refazendo versos incompartilháveis
que jamais deveriam ser escritos.

O poema que me acolhe
recolhe de mim
os dispositivos incompatíveis
com minhas sensações
de eternidade e insensatez.

A palavra que a mão conduz
é a mesma que dilacera
quando o sentimento não condiz
com o limite entre os corpos
já que a vida, muitas vezes,
não permite a conexão com a vida
e a razão vira a interface da emoção
que contamina o poema que se esvai
esfacelando-nos
sem sentido ou poesia
qual a tela que computa a dor.  
                            Paulo Franco   


              V CONCURSO POESIARTE – JUNHO/2011
              CABO FRIO/RJ  
              POEMA FINALISTA 

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