Em 2003 o governo do Estado de São Paulo determinou que as comunidades escolares deveriam debater e propor “A Escola dos Sonhos”. Democrático, porém demagógico. Afinal, alunos, professores e pais sabem qual é a escola ideal: é um lugar aonde o aluno aprende e o professor ensina e vice-verso. Contudo, para que isto ocorra (e o governo sempre soube disto) a escola dos sonhos deve ter classes com 20 alunos e o professor deve ter uma jornada de trabalho dentro do que estabelece a Organização Mundial de Saúde e ser bem remunerado. Nestas condições até a “progressão continuada” seria possível. Caso contrário, vira escandalosamente a “aprovação automática” que está formando analfabetos e adoecendo professores (ler textos científicos sobre a Síndrome de Burnout). Aliás, e educação está doente com tantas falácias e pedagogismos. Normalmente quem tem teorizado sobre escola está bem longe dela. E quando as teorias falham, chamam a comunidade, que paga os seus impostos, para amenizar o caos com populismo barato. Ninguém chama o povo para medicar pelo médico, para arquitetar para o arquiteto. Por que a população tem que resolver o problema da educação ? Até as crianças sabem que nada substitui o saber. E para que ele flua é preciso paz, estrutura e disciplina. É preciso humanizar a escola. O aluno tem sido tratado como um número, como um tijolo na parede, como gado em classes superlotadas. À pedagogia compete facilitar a transmissão do saber.  Não cabe a ela resolver as mazelas de uma sociedade apodrecida por corrupções, falácias, violências, patologias e etc.

          Senhoras autoridades, deem para a escola as condições que ela precisa e ela fará a sua parte, como  sempre fez. Assim ela será a escola dos sonhos de todos os alunos, pais e professores.  O resto é com a polícia, com o médico, com a assistência social. O educador não aguenta mais continuar sendo visto como o carcereiro de uma sociedade libertina, vitimada pela ausência de medidas que a educação e a humanidade tanto necessitam.

 

Prof. Paulo Franco

 

Texto publicado no jornal Diário do Grande ABC em 02/04/03

 

TESE COMPROVADA PELO TEMPO. A Escola dos sonhos ainda não aconteceu. As salas continuam superlotadas e os professores continuam adoecendo. Aliás, o volume de readaptados e inválidos emocionais é imenso.

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