Salvo algumas ingerências, a escola pública está bela. Ela nunca esteve tão bem equipada. Pelo menos em São Paulo. Os prédios estão bem pintados, há estoque de tinta até em excesso. Há merenda para matar a insaciável fome dos que dependem dos assistencialismos desde a época do populismo do Getúlio. Vagas a escola também tem. É! A escola pública está uma graça. Agora tem até verba de embelezamento. O mobiliário é novo e há até falta de espaço para depositar tantas mesas, cadeiras, armários e outras bugigangas que chegam em abundância. Até computador filho de pobre já conhece. Livro, então, é o que mais tem. Vem de todo lado. Logística estranha! O governo federal envia toneladas de livros de ótimas editoras, material de primeira. E é tanto livro que o aluno não consegue carregar. Mesmo assim, não satisfeito, o governo estadual ainda manda imprimir cartilhas em tamanha quantidade que acabam empilhadas pelos corredores e porões do sistema. Material realmente não falta. O que significa que dinheiro não falta. Mas com tanto investimento, por que não funciona? Por que o país que não aceita ser vice no futebol, é, em silêncio, apenas o 53º colocado no Programa Internacional de Avaliação de Alunos, ficando abaixo da média mundial em leitura, matemática e ciência?
“Vejas” e “Folhas”, pedagogistas de plantão, alguns dirigentes, supervisores e diretores, que não suportariam mais a sala de aula por uma semana, insistem que a culpa é do professor. Mas qual seria essa culpa? Estar em extinção já que todos estão fugindo da sala de aula? Os professores que ainda existem, em sua maioria, estão doentes e sem capacidade de reação. Talvez esta seja a grande culpa. Agora os jovens não procuram mais a profissão. As Faculdades do setor estão fechando. A Educação está morrendo e ninguém percebe, talvez porque a escola esteja bela, pelo menos aos olhos de uma sociedade que não enxerga o que vê.
Prof. Paulo Franco
Texto publicado na REVISTA MAIS CONTEÚDO – Edição nº 01 – Setembro/2011