Deitada eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo, fulgura a corrupção no Brasil em inúmeros vieses. Um deles é o chamado FIES (Fundo de Financiamento Estudantil). Esse esquema bilionário de repasse de verbas públicas para mantenedoras privadas (incluindo igrejas e empresas de personas do alto escalão) vem iludindo grande parte da população estudantil da nossa pátria amada de forma escandalosa. Enquanto isso, um silêncio intenso e cúmplice reina nas autoridades da nossa parca democracia que tenta resistir, embora sobreviva nas garras de inúmeros lacaios.
O mais triste é que o discurso oficial que sempre justifica a impossibilidade de uma reforma profunda na educação do país é a falta de recursos. Entretanto, as empresas vinculadas ao FIES recebem enxurradas de dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) como se verba pública brotasse em árvore de produção infinita. A justificativa até que é bonitinha, já que é um financiamento que acabará nas costas do cidadão comum que é iludido com propagandas tão enganosas que qualquer Procon de esquina poderia resolver. Alunos e familiares são ludibriados com falácias de gratuidade ou pagamentos simbólicos de R$ 50,00 e trabalho voluntário, quando na verdade pagarão um dia (se sobreviverem) por valores exorbitantes de mensalidades superfaturadas de cursos vagabundos que custavam cifras irrisórias e que para alunos do FIES passam a valores absolutamente fora do preço de mercado. O escândalo é tão grande que essas empresas nem fazem mais questão de alunos comuns, já que a rentabilidade é muito maior, mais segura e imediata quando algum bobo da corte assina com o Fundo de Financiamento Estudantil.
E se tudo isso não bastasse, grandes grupos de idoneidade e origens suspeitas estão comprando a preço de banana todas as demais instituições que não participam do esquema e em consequência estão virando monopólio em um setor estratégico que é a educação de uma pátria. Sem falar que demitem os Professores Doutores e Mestres para entupir os pobres de cursos sem qualidade mantidos basicamente por auleiros, às vezes, sem a devida capacitação.
Revendo a matemática do esquema, percebemos claramente que são muitas corrupções acontecendo ao mesmo tempo. O aluno é lesado, o dinheiro público é saqueado “legalmente”, o Fundo Nacional de DESENVOLVIMENTO da educação deixa de cumprir o seu papel social, monopólios criminosos se formam e atuam à luz das leis, o estado deixa de cumprir a sua função e larga a formação do povo a empresas privadas (privatização) e a escola pública continua relegada a último plano. Enquanto isso, há aqueles que se perguntam sobre as razões para que praticamente não exista mais quem queira ser professor e ainda se assustam com os nossos índices educacionais que estão entre os piores do planeta.
Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte,
Pátria Amada, Brasil.
Paulo Franco
Texto Publicado na Revista Mais Conteúdo – Edição nº18 – setembro/2013