O BOBO
Sereno mato a minha dor
e estrangulo quem não sou
para saber de mim.
Acato a solidão que me detém
na multidão extasiada
que maquia os seus prantos
com comédias sobre um nada
que jamais tem fim.
O roteiro é um silêncio
de caras e bocas que se movem
entre as farsas de um amor ruim.
Do lírico ao trágico, um instante.
Script incerto
onde o tempo é da morte
o seu fiel amante.
Um bobo cortejado pela corte
que sorri da pantomima
que dispersa o foco do seu drama
pra fingir que é ironia
a traição do coração que se comporta
pra esconder o que de fato ama.
Paulo Franco